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O
jornal O Globo trouxe nesta segunda, dia 26, uma reflexão muito
importante sobre onde estamos e onde queremos chegar com o
comportamento excessivamente virtual nos dias de hoje. A cena já é
familiar: na rua, em shoppings, no ônibus, nos bares, um rápido
olhar já se depara com pessoas concentradas em seus celulares, lendo
e enviando mensagens de texto ou atualizando seu feed numa rede
social. Recentemente, um meme
(postagem que velozmente se torna popular na internet) circulou pelo
Facebook comparando os viciados no “texting” a zumbis da era
digital. Uma espécie de “Writing Dead”, numa alusão ao seriado
“The Walking Dead”. E até mesmo o primeiro-ministro da Bélgica,
Elio Di Rupo, parou seu discurso no parlamento do país semana
passada para ler uma mensagem que acabara de chegar.
Os
números, entretanto, revelam que a adesão aos diálogos por escrito
só aumenta. Quase 8 trilhões de mensagens de texto foram enviadas
por celulares, smartphones e tablets no ano passado, segundo dados da
consultoria Portia Research. Este ano, espera-se alcançar a marca de
9,6 trilhões de SMS. As mensagens multimídia (MMS — com foto, por
exemplo) somam 207 bilhões anualmente, enquanto o tráfego de
mensagens instantâneas está em 1,6 trilhão e deve alcançar 7,7
trilhões em 2016. E os usuários de e-mail pelo smartphone são hoje
670 milhões, devendo ultrapassar 2,4 bilhões em quatro anos.
Isso
tudo sem falar das mensagens oriundas de aplicativos como Skype,
Whatsapp e afins, conhecidas como over
the top (OTT). Já
são 3,4 trilhões no mundo, segundo a consultoria mobiThinking. E
não esqueçamos as redes sociais. Do 1 bilhão de usuários do
Facebook, líder inconteste do setor, 604 milhões escrevem mensagens
e posts via smartphones.
Para
Esteban Clua, professor do Instituto de Computação da Universidade
Federal Fluminense (UFF), enviar mensagens por via móvel se tornou
um comportamento comum hoje em dia, afetando nossas vidas de maneira
negativa. “Enquanto no computador pessoal os e-mails e as redes
sociais permitem que dediquemos horários e certos momentos do dia
para ler e interagir, as mensagens de celulares acabam sendo mais
invasivas”, diz, destacando que raras são as pessoas que ao
receberem um SMS esperam terminar o que estão fazendo para olhá-lo.
A reação é ler imediatamente, interrompendo e distraindo-se do seu
afazer momentâneo.
Se
nos celulares comuns o SMS reina, quem já tem um smartphone mais
avançado, com boa conexão à internet, fica ainda mais propenso a
mandar mensagens, pois a informação está ocupando os “tempos
mortos” da vida, como esperar em uma fila, ou até mesmo esperar
pelo elevador.
Sabemos
que a tecnologia veio para ficar, mas é importante estar atentos
para não nos tornarmos escravos dela e querermos substituir o
contato pessoal pelo 100% virtual. É preciso usá-la como ferramenta
cidadã, inclusiva e responsável.
Equipe
CDI